A rota do bacalhau continua


Como esse prato é quase uma instituição por aqui, merece um segundo post inteirinho sobre ele. Escrito pela Fernanda Dias, minha companheira de Cafê, sobre o que eu falei aqui. Pra ver o que a gente anda comendo por Portugal, é só seguir @cafelisboeta no Instagram. E pra saber o que a Fê tem a dizer sobre bacalhau, é só continuar aqui mesmo:

"O bacalhau é uma designação para uma variedade de espécies de peixes. Na verdade, é um processo de salga (ou cura) cujo principal objetivo é a conservação do peixe.

O preferido pelos portugueses é o gadus morhua, também conhecido como bacalhau da Noruega. A sua principal característica é uma carne suculenta que se desfaz em lascas. O lombo é considerado o melhor corte, mas a posta também é bem boa! O bacalhau é um prato simples, ainda que seja caro e festivo.

Aqui em Portugal existem muitos pratos preparados com bacalhau e quase sempre acompanhado de batata, em diferentes versões. Eu prefiro o bacalhau inteiro porque só assim é possível sentir aquele molhadinho, tipo quiabo. Em geral, peço o "bacalhau à minhota", mas atenção: esse prato tem muitos homônimos e pode também atender pelo nome "à moda de (complete com o nome do restaurante)". Ele é frito e vem rodeado de batatas às rodelas (aka portuguesas). É muito bom!!!

O "bacalhau à lagareiro" é assado e com batatinhas também ao forno. A princípio, poderia ser considerada a versão light do meu predileto mas tem muito, MUITO azeite. Aliás, tudo "à lagareiro" é assim. Apesar das minhas preferências, um dos mais conhecidos é o "bacalhau à brás", presença garantida nas ementas portuguesas. Esse bacalhau é preparado desfiado com ovos e batata palha.

E com que vinho harmoniza? Dizem por aí que peixes devem ser servidos com vinho branco. O bacalhau eu acho melhor com tinto português. E como tenho uma alma aventureira, peço o tinto da casa. Para os abstêmios, acredito que água seja a melhor pedida.

Os bolinhos ou pastéis de bacalhau por aqui são servidos frios. Não acho que seja uma preferência. É mais prático fritar tudo de uma vez, logo cedo. Quentes, como no Brasil, são mais gostosos, mas pelo menos por aqui, sempre tem bacalhau de verdade no bolinho!

Meu lugar predileto pra comer bacalhau é o Bota Alta. O "bacalhau real" (à minhota) é perfeito! E o preço é ótimo.

O restaurante Laurentina (o da foto) também é uma boa opção. Indicado pelos nossos amigos Fernanda e Felipe, vive cheio de brasileiros e inclusive, devido à influência brasileira, os bolinhos são fritos na hora. Eles se reconhecem como o Rei do Bacalhau e basicamente oferecem todos os pratos imagináveis com o peixe. É mais caro que nos restaurante típicos daqui.

Em se tratando de bacalhau, as receitas são muitas e minha sugestão é ousar nas escolhas gastronômicas. O risco é quase zero. Sério."

Fernanda Dias

A rota do bacalhau

A primeira pergunta de 11 em cada 10 brasileiros que encontro ou recebo aqui é: Carol, onde é que eu encontro um bom bacalhau por aqui, hein?

É claro que chegar em Portugal com fome leva a esse tipo de pergunta. Tá no nosso imaginário e ganhou o nosso gosto. Brasileiros amam bacalhau, esse peixe que se tornou tradição em nossas casas e que, de tão especial, é geralmente servido em ocasiões raras. 

Bacalhau é o que há de mais básico na culinária portuguesa. E olha que ele nem existe por esses mares atlânticos. Eles gostam de frio e vivem nos mares do Norte e há muitos anos se tornou profissão e tradição portugueses irem pescar bacalhau pros lados de lá. Portugal sozinho consome 25% de todo bacalhau que se pesca no mundo e já ouvi por aí que é o prato principal de cerca de 300 dias no ano de grande parte das famílias. É como o nosso arroz e feijão e, da mesma forma, é uma instituição, sendo eles super exigentes com sabor e preparo.

Todo o peixe pode ser aproveitado. Nas lojas que vendem especificamente bacalhau, a gente encontra cestos só com línguas (sim, além de cabeça, ele tem língua), barbatanas e tudo o mais. E há receitas específicas pra que cada parte do peixe seja utilizada da melhor maneira. Por exemplo, no "bacalhau com natas" e no "bacalhau à brás" vão a parte mais fina do peixe desfiada. Já o lombo do bicho, que é a parte mais grossa e mais gostosa, é usado no "bacalhau com broa" e no "à minhota".

Apesar de não ser difícil encontrar um bacalhau delícia por aqui (a maioria dos que comi são melhores que o melhor bacalhau que já comi no Brasil) também não é como minha tia Edna imaginou: não, não são servidos dezenas de tipos de receitas de bacalhau em qualquer restaurante português. E Portugal não é só bacalhau não! Eles tem muito mais a oferecer em termos culinarísticos. Quem ler verá.

Sobre os bolinhos de bacalhau, nossos velhos conhecidos, aqui são chamados de pastéis de bacalhau e avisamos que pode acontecer uma certa decepção quando você pedir por eles. Não pelo sabor, mas pelo fato de que são frequentemente servidos frios. Fritos pela manhã, ficam expostos para a venda durante o dia, e isso faz toda a diferença. Pra quem achar a mistura de sabores interessante, recomendo o pastel de bacalhau recheado com queijo da Serra da Estrela, vendido numa lojinha que abriu recentemente na rua Augusta. Mas não esquece de perguntar se tá quentinho!

O meu bacalhau preferido é o "à lagareiro" que Leandro faz aqui em casa e sempre fica uma delícia! (Não conta pra nenhum português, mas ele usa o congelado!) Depois desse, o mais gostoso que provei foi o do Largo. Feito a 80 graus, uma temperatura bem baixa pra se assar qualquer coisa, inclusive bacalhau, além de bem molhadinho, a textura é ótima. Detalhes importantes: vem pouco e é caro. Bacalhau não é meu peixe preferido e eu posso ter sido influenciada pelo ambiente desse restaurante, que é super bonito e agradável, cheio de aquários com águas-vivas hipnotizantes. Fica aqui o registro de que minha opinião pode, então, não ser das mais honestas.

Como a pessoa que mais gosta de bacalhau nessa casa é o Leandro, teremos uma participação especial! Pra ele, o bacalhau com broa e grelos do Sacramento é o melhor q ele já comeu. Não só o peixe é de qualidade e está dessalgado na medida certa, como o restante dos temperos utilizados no prato dão o toque perfeito e harmônico. Ah, o chef é brasileiro.

Pra encerrar, mais algumas indicações de onde encontrar mais delícias com esse peixe. No Café Lisboa tem uns nuggets de bacalhau muito gostosinhos; a Taberna da Rua das Flores tem uma salada deliciosa chamada "meia desfeita de bacalhau", que leva além do peixe, ovo, cebola e grão de bico; o burguer de bacalhau com grelos em bolo do caco do Prego da Peixaria também vale o pedido. Esse da foto aí debaixo comemos num restaurante num lugar lindo, o Azenhas do Mar, e tava bem bom. E antes de ir embora, não deixe de passar em uma loja de conservas, ou no mercado, e comprar bacalhau enlatado. Pode apostar, é uma iguaria!

Esse assunto poderia render infinitamente, mas vai render só mais um post. Com as dicas da Fernanda, que é bem mais entendida do que eu.


Budapeste é sensacional

Faz um tempo eu queria conhecer essa cidade. O primeiro motivo de atração foi o seu nome, sem dúvida. Acho essa palavra muito sonora, engraçada e curiosa pelo fato de que foi formada pela simples junção entre as palavras que nomeavam duas cidades, cada uma de um lado do rio Danúbio, que se uniram pra formar a capital da Hungria. Eu ainda não sabia que tinha uma terceira cidade nessa fusão, Óbuda e hoje até penso que seria mais bonito ainda se fosse Óbudapeste, com um certo tom de drama teatral. De qualquer forma, já estava suficientemente atraída por muitas outras razões.

A Hungria é dona de uma história muito confusa cheia de altos muito altos e baixos muito baixos. Foi a segunda capital do império austro húngaro até o início do séc XX, quando este se dissolveu. E alguns anos mais tarde, viveu 2 regimes totalitários seguidos que trouxe muito sofrimento pra população.

Mas tudo isso fez com que ela seja o que é hoje. Seja na visão do ser humano individualmente, quer quando olhamos pra uma sociedade inteira, a nossa história é o que faz a gente, né. As marcas e lembranças estão dentro dos húngaros, mas eles são muito mais que isso. Foram só 3 dias, mas tivemos uma sensação muito agradável em lidar com eles e em ver como eles se tratam. Não percebemos qualquer peso. Em geral as pessoas muito simpáticas e solícitas. Mesmo quando não falavam inglês.

Leandro pegou um gosto pela língua húngara e eu acabei super influenciada. A verdade é que apesar de Chico Buarque falar que essa deve ser a língua falada pelo diabo, e eu não ser ninguém para discordar de Chico, achamos o húngaro falável, aprendível, com fonemas que nós brasileiros conseguimos repetir. Diferente de umas outras línguas por aí que prefiro não nomear e que ainda teríamos que lidar com. Achamos até gostosinha de ouvir! Depois do choque inicial com as tremas e acentos milhares, não é tão complicada assim. Tamo louco, gente?

Ficamos 3 dias inteiros por lá e eu achei um tempo ótimo, mas deu vontade de ficar mais sim. Quase sempre dá. Se paixão fosse escolha, Budapeste teria sido meu destino preferido nessa viagem. E esses são os motivos.


Buda: Nos hospedamos nesse apartamento maravilhoso, colado na Ópera, num ponto bem central em Peste, que fica do lado direito do Danúbio. Mas amamos atravessar a Széchenyi Lánchid (Ponte da Correntes) pra conhecer Buda. Do lado de lá tudo lindo: a Igreja de São Matias (Mátyás Templom) e suas telhas esmaltadas coloridas (acertei, Camille?), casinhas coloridas, música na praça, o Bastião dos Pescadores (Halászbástya) com seus arcos fotogênicos emoldurando a vista sobre o rio, o Parlamento e sobre o próprio bastião; árvores floridas. A primavera, aliás, trouxe uma atmosfera encantadora. Foi mágico andar pelos arredores do Castelo assistindo a chuva de flores de cerejeira caindo sobre a gente e forrando o chão de rosa, por conta do vento forte e gostoso que batia. Ficamos tão absorvidos por aquele momento que acabamos andando em círculo sem perceber e quando vimos estávamos no mesmo lugar de onde tínhamos saído. Perdidos e agradecidos.


Parque da cidade (Városliget): É uma enorme área verde bem no meio da cidade e lá dentro fica o Castelo Vajdahunyad, que foi construído para comemorar o milênio da Hungria e, justamente pra fazer referência à história do país, reúne vários estilos arquitetônicos num mesmo prédio. No centro dele, jardins cheios de tulipas. Raras e lindas, elas estavam ali aos montes enfeitando o cenário. A primavera é uma ótima época pra se conhecer qualquer lugar, mas eu amei ter escolhido justamente essa estação pra viajar pelo Leste Europeu. Do outro lado do parque, outro ponto alto de uma visita à Budapeste. Fomos conhecer os Banhos Termais Széchenyi, um dos mais famosos e antigos dessa que é a cidade com o maior sistema de águas termais do mundo e graças à dominação turca ganhou essa tradição. Foi muito relaxante (e até curativo) termos terminado o nosso dia por lá, pulando de piscina quente pra piscina fria pra piscina muito quente. Mas não deixa de ser muito engraçado, especialmente pra quem cresceu em Angra dos Reis, ver as pessoas se divertindo tanto no piscinão.


Comida: Provamos muitas delícias por lá e isso é essencial pra que eu goste verdadeiramente de um lugar. Goulash, salsichas várias, sopas com ovo pochê (paizinho fazendo comida austro-húngara lá em casa e eu nem sabia!), magret de pato (especialmente bom no Menza). Por todo lado vc vê langós, que é tipo uma pizza e o molho mais tipicamente usado é uma espécie de creme de leite ao invés de tomate. A gente experimentou uma(s) no Goszdu Udvar, uma ruazinha cheia de bares, restaurantes e cafés. No meio da tarde, capuccinos e doces deliciosos como o do Café Auguszt. E pra trazer as melhores lembranças de sempre, as que se comem, no Mercado Central encontramos uma oferta enorme de 2 produtos húngaros bem famosos: páprica e foie gras.

A rua: Budapeste é uma cidade pra se aproveitar o lado de fora. Adoro museus, mas a possibilidade de não ter compromissos e horários, só se encantar pelas coisas que iam aparecendo na nossa frente, é igualmente adorável. O tempo estava ótimo, então foi perfeito pra nossa intenção de andar e andar até cansar. No meio do caminho encontramos um piano disponível pra quem quisesse tocar e outro que virou vaso de flor. Vimos apresentação de balé contemporâneo bem em frente à Ópera. Paramos pra observar o Memorial "Sapatos à margem do Danúbio" e pensar o que devem ter sentido os judeus que tiveram que tirar seus sapatos antes de serem assassinados e terem seus corpos carregados pelo Danúbio gelado. Vimos pessoas fantasiadas e felizes andando de bicicleta num domingo de manhã.


Ruin pubs: Antes de chegar na cidade já tinha achado a ideia o máximo e chegando lá foi muito interessante ver isso de perto.  No início dos anos 2000, prédios e casas abandonados no centro da cidade começaram a ser habitados por bares e boates, trazendo gente e diversão pra uma atmosfera decadente. Pra combinar com tudo isso, os móveis e decoração trazidas pra esses lugares eram antes coisas que tinham sido descartadas por outras pessoas, dando nova função e uso a objetos que vieram do que chamamos lixo. É comum esse tipo de bar mudar de lugar ou fechar e abrir anos depois. Geralmente esses bares, como o Szimpla Kert, um dos mais famosos, ocupam um prédio inteiro e a exploração do lugar inclui passar por diversos ambientes com clima, cores e música diferentes. O Instant também é bem conhecido, mas apesar de por fora parecer bem "arruinado", por dentro é mais arrumadinho (um simples papel de parede já carateriza isso). A rua Kazinzy tem vários pubs super legais, entre ruin pubs e outros nem tão ruin assim, alguns em espaços abertos, que fecham no inverno, e visivelmente mais novos. Dava pra passar uma temporada em Budapeste só visitando os pubs de lá, que muitas vezes funcionam o dia inteiro.


Vi e não gostei: Horror House. A Horror House é famosíssima pelo que expõe e pelas críticas q sofre. Apesar disso, quando passamos lá em frente tive muita vontade de entrar. E acho q é isso mesmo q mais me incomodou por lá, a intenção de chamar atenção é muito grande e notória. O museu trata das décadas de horror vividas pela população do país de meados até o fim do século XX, em decorrência da II Guerra Mundial, nazismo e regime comunista que dominaram o cenário por lá. Não há dúvidas de que esse cenário foi extremamente cruel e triste. O que me incomodou foi os criadores daquele museu acharem que precisam colocar uma música de rock pesado pra fazer com que as pessoas sintam que o que aquele povo viveu foi realmente horroroso. Eu acho que esse assunto é suficientemente horroroso por si mesmo, não precisa de qualquer artifício pra colocar os observadores num determinado estado de tensão. Nas paredes, praticamente só se lia húngaro e isso também me distanciou da exposição.  Saí de lá como se não tivesse entrado e por isso me arrependi um pouco de ter perdido aquele tempo por ali.

Não vi e acho q gostaria de ter visto: Parlamento. Chegamos lá e ficamos um bom tempo observando e fotografando aquela construção lindíssima. Por dentro, pelas fotos, tudo parece lindo também, mas quando chegamos à bilheteria, descobrimos que aquele dia não haveria visitas porque estava acontecendo um evento especial lá dentro. Na próxima vez que formos a Budapeste procuraremos olhar com antecedência a agenda deles. Porque certamente haverá uma próxima vez.

Cafê

Eu tenho muitos amigos. E a maioria deles é bem legal. Não se preocupem, não citarei nomes dos que estão incluídos na minoria. E quando viemos morar em Portugal, pensei que seria quase impossível fazer novas amizades tão importantes pra mim quanto as que eu já tinha. Achava que meu coração já tava lotado e tava bom assim. Na primeira semana eu já entendi que eu tava errada e que Lisboa podia ser ainda melhor pra mim do que eu imaginava.

Nesse tempo aqui já passeei com alguns amigos de amigos, já escrevi roteiros pra pessoas que nunca vi, já pude conhecer melhor pessoas com que tinha pouco contato, já levei novos amigos de infância pra comer delícias lisboetas. Teve gente que veio rapidinho, que só passou, que permaneceu uma temporada e gente que ficou pra sempre. A Fernanda é uma das pessoas incluídas nesse último grupo.

Graças à Ana Paula nos conhecemos e ela sempre ajuda a deixar meus dias por aqui ainda mais bonitos e divertidos. Eu e Fernanda temos várias coisas em comum. Medo de dar estrela quando éramos crianças, gosto musical, amor por Lisboa, sempre achar que vai dar tempo, ter a língua muito perto do cérebro, entre outras. Mas uma das principais, e extremamente presente em nosso dia a dia, é o apreço pela boa comida. Em especial a paixão pela boa comida feita em Portugal.

É verdade que comer mal por aqui é difícil, a pessoa tem que se esforçar pra que isso aconteça. E não sou só eu que penso assim. Alguém bem menos exagerado já disse o mesmo. Mas algumas dicas certeiras são sempre bem-vindas, né! E como eu e Fernanda temos como principal meta de vida conhecer e reconhecer os melhores restaurantes dessa cidade, quiçá do país, escreveremos frequentemente sobre os lugarzinhos que a gente adora. 

Segue o instagramzinho (@cafelisboeta) pra já começar a dar água na boca.

Porque fazer hoje se posso fazer amanhã

Eu, como ser humano que sou, tenho muitos defeitos. Uns incomodam a todos, outros só a mim, outros só a quem convive diariamente comigo (bjo, amorzinho). Tem os sempre presentes desde o nascimento e tem os que somem com o tempo. Dos defeitos é difícil fugir. Quem o fez está no céu. De qualquer forma, com a convivência a gente aprende (ou acha que aprende) a lidar com eles, de uma forma boa ou não, mas vai se esquivando e se virando. O que eu percebi há algum tempo é que o problema não são nossos defeitos, mas o apego que a gente tem a eles. Quando a gente sabe que aquilo não é legal, mas a gente gooosta daquela qualidade torta na nossa personalidade.

Eu sou uma procrastinadora. A frase aí do título guia a minha vida. Esse post mesmo está escrito há semanas e eu não posto. Ontem eu tinha me programado pra fazê-lo hoje e agora mesmo eu estou em casa, sem nada pra fazer (de urgente, já que eu também adio a faxina), e tô caçando coisa na internet pra assistir.

Isso não é de agora, que não tenho lá muitos compromissos na vida. Quando éramos crianças, o Lipe, meu irmão, chegava em casa com o dever de casa pronto. Ele recebia no final da aula, já fazia ali mesmo, antes de voltar pra casa. Eu chegava com o dever e ficava até o último minuto antes da hora de dormir com aquilo no colo, ou na cama, entre programas de TV, leituras que não tinham nada a ver com os exercícios da escola, e outras formas de enrolação.

Tenho esperança de me livrar desse probleminha, porque existem outros dos quais eu tenho me sentindo mais afastada depois que eu percebi que a chave é o desapego. Coisas que adorava e que  comecei a achar isso estranhíssimo. De vez em quando dou uma escorregada, volto a flertar com meu orgulho, intolerância, intransigência, mas como eu não gosto mais deles, rapidamente percebo quando estou dando ruim. 

Provavelmente a procrastinação é a coisa que mais me incomoda em mim mesma atualmente. Apego. Talvez seja medo de ser arrebatada. Não sei. 

Tudo isso é pra explicar porque esse blog vive sendo abandonado apesar do meu amor por ele, pela minha vida lisboeta, pelas viagens por aqui e pelo compartilhar. Mais uma vez venho aqui me comprometer comigo mesma a escrever sempre. Quero muito que o meu apego à procrastinação seja menor que o meu apego a esses escritos. Por hoje, desejo atendido. 

Amor à primeira aterrissagem

Uma viagem à Escandinávia na primavera foi o que planejamos, eu e meus pais, (infelizmente meu companheiro preferido de vida e viagens não pôde ir), com o objetivo principal de conhecer a Suécia. "Mas a Dinamarca é ali do lado." "Copenhagen parece ser tão linda." Ouvia essas coisas dentro da minha cabeça. Uma passadinha de 2 dias por lá foi, então, incluída. E ainda bem que o fizemos.


Copenhagen ganhou meu coração assim que eu saí do metrô e vi o primeiro telhado aparecendo à medida que subia as escadas. Depois vi muitos pães bonitos pelas padarias no caminho. E depois, vi o dono do apartamento em que ficaríamos, sentado na calçada em frente ao prédio, sorrindo e aproveitando os raios de sol quentes que incrivelmente (naquela época do ano) ainda abençoavam a cidade.

Deixamos nossas coisas e já fomos descobrir que os belos pães também eram gostosos e que "nosso bairro" era super agradável. A 10 minutos do centro foi o lugar ideal para conseguirmos entender um pouco como a cidade funciona, perto o suficiente para passear, mas podendo abandonar a horda de turistas no fim do dia. Partimos pra uma incursão ao mercado, que é dos nossos programas preferidos. Sendo que meu pai leva essa predileção a um nível extremo e acabamos tendo que implorar pra irmos embora. Era assim quando eu era criança e é assim hoje. Mas também não dá pra reclamar muito, porque depois ele faz mágica na cozinha com aqueles ingredientes e, em qualquer lugar, nos oferece as melhores refeições do mundo.

As bicicletas e a forma como as pessoas se relacionam com aquele meio de transporte é um capítulo à parte. A variedade de tipos, as crianças de 2 anos andando nas suas próprias (sem pedais, com habilidade e equilíbrio incríveis), a velocidade com que o pessoal anda, o respeito que todos tem pela faixa exclusiva, a hora do rush. Tudo digno de ser observado e invejado. Não faz muito tempo que a bicicleta é o principal meio de transporte por lá e na época em que ruas foram fechadas à passagem de carros e pedalar passou a ser bastante incentivado, eles não acreditavam que daria certo por conta do frio e da neve em grande parte do ano. Hoje, poucos trocam suas bicicletas por outro meio. Não importa se há chuva ou neve. Há coisas bem chatas nessas escolha, mas viver nessa cidade tão linda e passar boa parte do seu tempo trancado num carro parado no trânsito é mais chato ainda. As distâncias são pequenas, como é na região central de Niterói e eu não consigo parar de pensar em como seria lindo se isso acontecesse por lá. Mesmo com calor.


Outra coisa que me chamou atenção foi a beleza das pessoas. Descobri que o ideal de beleza ensinado por Walt Disney e seus amigos é dinamarquês. Super bem vestidos, corpos em muito boa forma, pele bronzeada, cabelos arrumados e loiros. Ou não. Num lugar onde todo mundo é loiro e tem olhos claros, talvez o contrário seja o que eles querem. Muita gente fazendo exercício físico nas ruas, além de andar de bicicleta pra lá e pra cá. Achei as pessoas muito simpáticas e felizes. Já escutei (né, Helô?) que não é bem assim na maioria das vezes, mas que eles estavam muito contentes porque o sol ainda tava dando as caras por lá. Pode ser. Pra mim tá bom. Escolhemos a época ideal.

Além de passear por aquelas ruas e observar aquela gente bonita, as coisas que eu mais gostei nesse pouco tempo foram:

{Nyhaun} Esse lugar foi o que preencheu o meu imaginário sobre Copenhagen. Casinhas coloridas à margem do rio, com barcos dispostos ao longo dela e muitos restaurantes e bares. Por ali também alguns lindos exemplares da arquitetura dinamarquesa como a Ópera, o Palácio Real e a Igreja de Mármore.


{Kastellet} Uma citadela cercada por uma muralha em formato de estrela (óun) e recheada de campos verdes, moinhos e prédios lindos. Do lado de fora da muralha, na beira do rio, está minha única não- recomendação da cidade: a Pequena Sereia. Christian Andersen, o autor do conto, é dinamarquês e ali fizeram uma estátua em homenagem a uma de suas obras. O que se vê lá é uma reunião de turistas e suas máquinas imponentes em cima de uma escultura pequena e sem graça. É melhor gastar seu tempo aproveitando a quietude da citadela pra meditar. Ou vendo o desenho da Ariel, mais uma vez, quando chegar em casa pra descansar.

{Rundetårn} Subir a Torre Redonda já é interessante pois não são escadas que te levam até o topo,  mas sim uma rampa contínua, o que era ainda mais especial lá no século XVII, quando ela foi construída. Depois de andarmos pelo centro histórico, foi maravilhoso passarmos algum tempo sentadinhos só admirando as cores da cidade e o sol que se punha.

Fomos embora já querendo voltar. As moedas mais lindas que eu já vi estão guardadinhas pra quando precisarmos delas de novo. Perdemos a hora pra entrar no Castelo Rosenborg, não deu tempo de conhecer o Tivoli e não consegui encontrar Nathalia, minha amiga viking. Portanto, motivos mais que suficientes pra nos fazer programar uma nova visita. E também não foi tão triste ir embora, pois esperávamos muito pelo nosso próximo destino.



pra renascer em firenze

Nosso último destino da viagem à Toscana. A verdade é que o que nos levou à Toscana foi Florença. E o que me fez chegar à Florença foi o Renascimento. Explico. Há alguns meses tomei uma das decisões mais felizes da minha vida: comecei um curso de História da Arte. O assunto sempre me interessou, mas antes preferia perder tempo estudando o Código de Processo Civil e ainda não tinha me aprofundado nesse interesse. Um dia aparece no meu facebook (naquela época em que ele me mostrava coisas bonitas e produtivas) uma escola de arte pertinho de casa. Morando na Europa, sem trabalhar, seria o momento ideal pra realizar esse sonho. E foi. Em outra hora também seria. Qualquer momento é ideal pra aprender sobre o que a gente gosta.

Logo de início, minha linda professora (que saudade que eu sentia de ter uma professora pra amar) nos falou sobre o Renascimento e a importância desse movimento pra Arte. Pra quem tá um pouco perdido, estou falando sobre belezas como as que Leonardo da Vinci, Michelangelo e Rafael, por exemplo, produziram. O berço do Renascimento é a cidade de Florença. E todas as quartas-feiras piscava na minha mente: preciso conhecer esse lugar.


E lá eu aprendi ainda mais. E ensinei pro Leandro. Enquanto observava a arquitetura, os quadros, as esculturas e as cores. Ocre, mostarda, salmão, terra e seus tons. Imaginar que os mesmos passos que eu dava também já foram dados por artistas tão importantes, há mais de 500 anos atrás, é uma sensação que eu adoro. Olhos ávidos pra andar pelas ruas e pontes sobre o rio Arno. Olhos fechados pra descansar deitados no chão da praça do Palazzo Pitti.

Nunca visitar museus foi tão interessante e prazeroso. E olha que eu já curtia bastante esse tipo de programação. Gostei muito das Galerias Uffizi, pela quantidade de arte exposta e informações sobre o Renascimento, principalmente. E amei o Museo di San Marco, pela história e simplicidade que o lugar carrega, tornando ainda mais especial a apreciação dos frescos de Fra Angelico, um pioneiro no estudo e utilização de técnicas revolucionárias para a pintura.

Na Piazzale Michelangelo, avistamos Florença de cima. Pensava quão inspirados estavam os artistas que construíram toda aquela riqueza, que seria somada à beleza natural já criada pelo arquiteto maior. Outras visões, como a da Ponte Vecchio, tão presente em vários momentos históricos da cidade, são como quadros materializados, vivos. Fiorentinos e turistas dividindo espaços que, pintados sob a ótica renascentista, seriam protagonizados por Pedros, Marias e outros santos que viveram há tempos atrás.


Outra arte italiana extremamente famosa é a culinária. Nesses 2 dias e meio comemos muito bem. Mas tenho que confessar que estou ficando bem crítica depois de 1 ano morando em Portugal, onde a comida é quase sempre deliciosa. Além disso, meus dotes culinários tem sido aprimorados, graças a boas influências na minha vida portuguesa (né, Fernanda?!). A melhor refeição desses dias, então, foi degustada no "nosso ap", feita por mim, com massa fresca, tomatinhos, mozzarela de búfala e muito amor.

A Itália foi tão linda, mais uma vez, pra gente, que nem o fato de perdermos nosso vôo de volta pra Portugal pôde chegar perto de estragar nossa experiência! Conselho (e nota mental pra mim mesma): na última noite, se hospedem perto de onde seu vôo sai. Depois do desespero momentâneo (era Páscoa e os vôos estavam lotados) tivemos algumas horas de espera em aeroportos que nos permitiu rever nossas fotos e reviver nossos bons dias.

Grazie e arrivederci, Italia! Até daqui a bem pouquinho...



Com muito orgulho, com muito amor

Acordei e por alguns segundos acreditei que o que tinha acontecido ontem fosse só um sonho ruim. Estou triste. Profundamente triste. 

Quando Portugal foi goleado pela Alemanha, nós estávamos assistindo o jogo em um parque lotado. Parecia que Lisboa inteira estava lá. No primeiro gol surgiu uma tensão, mas as pessoas ainda estavam confiantes. E continuavam aplaudindo os lances em que Portugal tentava contra-atacar, mesmo que em vão. Até mesmo os momentos em que eles faziam besteiras descaradas. Porque é isso que um torcedor europeu faz quando o seu time ou seleção está perdendo: ele aplaude, pra motivar e mostrar que eles tão ali. No segundo gol a moral baixou bastante. No terceiro muita gente foi embora. No quarto a esperança não se via a quilômetros. Porque é isso que um torcedor português faz. Perde a esperança quando a situação tá feia. No jogo contra Gana, em que Portugal tinha que golear o adversário, eu estava torcendo muito mais do que qualquer português com quem conversei.

Ontem, quando acabou o primeiro tempo, eu estava completamente arrasada, mas ainda tinha esperança. Se eles fizeram 5, a gente também podia fazer. Ou, pelo menos, diminuir a diferença. Porque é isso que um torcedor brasileiro faz: é positivo e tem esperança quase até o fim. Talvez seja nossa fé que nos faça ser positivos, apesar de não parecer que somos quando eu entro no meu facebook. Mas eu sei que tá lá, eu me conheço e conheço esse povo. Quase até o fim. Porque antes do fim, o torcedor brasileiro perde a paciência e xinga os jogadores de sua seleção, além da presidenta do seu país e quem mais passar na frente. A nossa raiva e dor tem que ser posta pra fora e encontrar um culpado. Não sabemos sofrer calados.

Essa semana fez 1 ano que estamos morando em Portugal. O principal motivo que me faz ter vontade de voltar pro Brasil são as pessoas. O problema é que a maior razão que me faz não querer voltar são as pessoas. Muitas vezes as mesmas pessoas. É assustador como o brasileiro quer que o Brasil mude, mas não quer mudar. Vou contar uma coisa pra vcs: vc é o Brasil. Um país é feito de pessoas e se tem muita coisa errada é porque vc tá errado. O mundo não gira ao redor do Neymar, nem ao seu redor e, pasmem, nem mesmo ao redor de qualquer governante nesse mundo. Mas é vc quem determina como ele vai girar.

Até ontem eu queria estar aí no Brasil. Sentindo esse clima. Vendo os olhinhos dos estrangeiros brilhando com as caipirinhas chegando até eles no paraíso, como não cansa de repetir o marido gringo da minha amiga. Vendo quem disse que não ia torcer roendo as unhas. Vendo a união que só acontece quando é pelo futebol. Vendo o sorriso estampado na cara de cada jogador da Alemanha, mesmo antes do jogo de ontem. Tenho a impressão de que eles nunca foram tão felizes na vida. Amor não se controla, se sente.

Mas antes do final do jogo eu perdi a vontade. Fiquei com vergonha. Não por causa dos 7 gols que podiam ter sido muito mais. Com relação a isso eu sinto pena. Mas porque comecei a ouvir os gritos de ódio do brasileiro e é disso que eu sinto vergonha. Lembrei da nossa intolerância. De como a gente não sabe perder. De como a gente gosta de ser ignorante. De como a gente é capaz de detestar com a mesma força com que amamos. De como a gente só enxerga nosso próprio umbigo. Do quanto a gente gosta de cobrar dos outros sem exigir nada da gente mesmo.

É, não dá pra ganhar todas as Copas. Nem todos os jogos. Nem evitar ser goleado algumas vezes na vida. O Brasil perdeu pra Alemanha na Copa de 2014. E perdeu feio.

Mas eu prefiro lembrar que a Seleção Brasileira, o futebol do meu país, com seu gingado, seu jeito único de jogar, sua cor, sua cumplicidade, sua alegria, com a toda a emoção do mundo, rindo e chorando, é a única que tem 5 estrelinhas em cima de seu brasão. E a única que foi capaz de participar de todas as Copas.

O Brasil já ganhou esse ano. Ganhou porque pôde mostrar ao mundo que as nossas qualidades superam os nossos defeitos. Porque sediou a Copa das Copas. E eu só tô repetindo o que li por aí. Porque os gringos que achavam estar arriscando sua vida ao ir pro Brasil assistir o Mundial, foram arrebatados de paixão por um lugar de belezas infinitas e cheio de alegria, mesmo que seja sem razão. A nossa alegria não precisa de motivo. Vem de dentro. É mais forte que a gente. É minha maior saudade e meu maior orgulho.

Hoje, eu dou graças a Deus por não ser alemã, mas sim brasileira. Porque o que a gente tem no futebol, no nosso país, na nossa gente, é muito bom. Eu não quero que o meu país se torne uma Alemanha em nenhum sentido. Se for pra assistir o país do futebol e do samba jogar como a Alemanha, eu viro torcedora de golfe. Sabe igual a quem a gente tem que ser? Um lugar que se chama Brasil. A gente tem que jogar como a gente mesmo, do nosso jeito, só que melhor. Que seja assim, no futebol e na vida.

A gente chora de tristeza e de alegria. A gente é capaz de ir abraçar o adversário perdedor no fim do jogo. A gente quer ser rico, mas não quer que exista pobre. A gente ama receber e servir o outro. A gente acha que o que é melhor pra gente é o melhor pro mundo, A gente se acha esperto quando desrespeita regras. A gente faz a melhor música do mundo, estando longe de ser a mais perfeita. A gente se corrompe facilmente. A gente tem o nosso “jeitinho” e, quando usado pro bem, não existe nada mais sensacional. A gente acredita. A gente mente. A gente não gosta de desagradar. Nossas mães (ou pais) fazem a melhor comida do mundo. A gente faz amizade de infância quando já é adulto. A gente fala alto. A gente conversa. A gente xinga e briga. A gente se diverte e deveríamos andar pelo mundo ensinando isso. A gente samba, na mão, na voz e no pé.

Ninguém é só ruim. Ou só bom. A Alemanha vitoriosa de ontem há pouco mais de 2 décadas tinha um muro que dividia uma cidade ao meio. E joga futebol muito bem. E fabrica carros muitos bem. Hoje, passeando pela internet, parece que o Brasil é só ruim. O que é mais triste ainda do que a lavada de ontem.

Talvez, no dia em que aprendermos a valorizar o que temos de bom e melhorar o que temos de mau, uma vitória ou derrota no futebol não faça a menor diferença, pois continuaríamos orgulhosos. De sermos quem somos.

Brincadeirinha! O futebol brasileiro é o melhor do mundo e tem que ganhaaaar! hahahaha

Toscana è amore!

A Toscana é um dos destinos mais procurados por pessoas que vivem um romance e foi um dos lugares pelos quais quisemos passar para comemorar nosso quinto aniversário de casamento. Sim, já são 5! Mas com carinha de 2! Eis alguns dos fatores que mais nos encantaram por lá.


{A estrada} Montanhas, tons de verde, caminhos sinuosos, árvores agrupadas lindamente, vinhedos, resquícios da Idade Média. O caminho que se percorre é mais um dos fatores a serem apreciados quando se passeia pela Toscana. Viajar de carro por essa região é uma boa, pois te permite acompanhar a paisagem e parar quando quiser. Pra compor sua trilha sonora, sugiro essa canção

{A Torre de Pisa}  Aí vc vai pensar: "Ah, mas eu não aguento mais a Torre de Pisa! É tanta foto, tanta gente falando sobre, que já até enjoei sem nunca ter estado lá! Chega de ouvir falar sobre ela!" Eu concordo. Mas como eu não vou ouvir, mas sim falar (ou escrever), lá vai! Esse lugar é simplesmente sensacional! Você não precisa fazer a foto que todo mundo faz, se vc acha ridículo. Basta sentar no Campo dei Miracoli e apreciar o milagre que é olhar pra torre e vê-la em pé. Um beijo pra equipe de engenharia que fez a burrada de construir uma torre tão pesada num solo inapropriado, mas que, assim, colocou essa cidade no mapa. E outro pro pessoal que deu um jeito de manter a torre existente e torta, tornando-a um quase arco. Nenhuma foto capta a imponência, beleza e torteza dessa construção. A sensação de que vai cair a qualquer momento não passa. E no final, vc já vai estar lá, fazendo pose pra tirar a foto que todo mundo tira! Ou pelo menos a foto da foto que todo mundo tira.

{A muralha de Lucca}  Já tinha lido em alguns lugares que deveríamos alugar bicicletas e dar uma volta pela muralha da cidade. Estamos acostumados com a muralhas aqui em Portugal que são altas e bem estreitas e achei a sugestão aí de cima bem radical. Até a gente dar de cara com a muralha de Lucca e entendermos a dica. Muito largos, os muros se tornaram uma espécie de parque onde as pessoas passeiam com o cachorro, com as crianças, caminham, correm e pedalam. Foi uma delícia sentir o ventinho no rosto ao rodarmos aqueles 4 quilômetros avistando a cidade de cima.


{O melhor sorvete do mundo}  No meio de becos medievais de uma cidade que parece uma fortaleza, procure as filas e você vai encontrar os melhores gelatos do mundo. Em San Gimignano, mais precisamente na Piazza della Cisterna, fica a Gelateria Dondoli, que ganhou o prêmio de melhor sorvete do mundo durante alguns anos. Só a avistamos depois que já tínhamos entrado na fila da Gelateria dell'Olmo, que tem uma placa enorme onde se lê "the best ice cream in the world". Li por aí que é só marketing e nenhum prêmio,  mas o cone com fondente di cioccolato, fior de latte e nocciola que degustamos foi, sem dúvida, o melhor sorvete que já tomamos na vida. E olha que só nessa viagem eram uns 2 por dia! Só nos arrependemos de não termos voltado pra comprar outro.

{Uma catedral listrada}  E no meio do cenário escuro e medieval de Siena desponta o Duomo di Siena, em mármore predominantemente preto e branco, o que nos permite cair de amores por uma igreja estampada. Por dentro, colunas e paredes também listradas, além de outras belezuras dispostas naquele espaço monumental, como o chão decorado e esculturas. De boca aberta, passamos um bom tempo olhando pra fachada daquela igreja e acompanhando o movimento das nuvens refletidas no vitral redondo. Um santuário enorme, mas ainda minúsculo se comparado ao que ele tenta conter.


{Os cantinhos aconchegantes}  Escolher hotel pela internet, sem indicação, é sempre um risco. Nesses dias fomos agraciados com 2 boas surpresas: a Casa Soleluna, em Cortona e o B&B Il Callare, em Lucca. Os dois fora das cidades (o que é ótimo pra quem está de carro e precisa de lugar pra estacionar perto de onde vai dormir), novos e com ambientes super agradáveis, assim como os donos.

P.S: Como tem muita coisa por esse mundo internético sobre os lugares que visitamos, preferi falar de uma forma diferente sobre a nossa experiência. Mas se algum de vcs quiser um roteiro mais específico ou ajuda com algum detalhe sobre os lugares por onde passamos, pode me mandar um e-mail: anacarolalves@gmail.com.