Dia 14 - Eric Kayser Boulanger, ouro das meninas e peixe grelhado

Agora que a gente já sabia onde era, saímos ao meio-dia pra tomar café na tal padaria francesa Eric Kayser (Rua Professor Carlos Alberto Mota Pinto, Edifício Amoreiras Plaza). E mesmo sendo tarde, eles ainda serviam o pequeno-almoço!

Pedi um brunch que vinha com baguete, ovo mexido, chá, suco e pão de chocolate e o Lê foi de croque monsieur. Tava tudo bem gostosinho, mas o melhor foi matar um pouquinho as saudades de Paris. Trouxemos pra casa uma eclair, um brownie e pãezinhos de azeitona, que estavam ainda melhores que as coisas que comemos na pastelaria.

Voltamos pra casa pra assistir o jogo de futebol masculino e o vôlei feminino, que disputavam medalhas de ouro. Tínhamos até planejado um passeio em outra cidade, mas decidimos ficar pra torcer.

Neymar e cia perderam. Pausa pra o desabafo: eu geralmente não fico com raiva quando o Brasil perde. Fico triste e com muita pena do pessoal que treina, treina e na hora H não alcança seu objetivo, seja porque outros foram melhores, ou porque se machucaram ou ficaram nervosos. A maioria dos atletas passa 4 anos se sacrificando no escuro, sem a gente nem saber o nome deles e não acho que a gente pode cobrar nada dessas pessoas. Mas com o futebol não é assim. Eu fico indignada desse povo que ganha milhões, que quer mesmo é ficar famoso e fazer propaganda. Uma medalha de ouro não tem valor nenhum pra maioria desses jogadores. Aff!

Quando as meninas perderam o primeiro set contra os EUA no vôlei, eu já estava completamente arrependida de termos mudado nossos planos. Mas elas me surpreenderam. A mim e a muitos brasileiros. Ganharam! E ganharam dos States, o que é mais gostoso (rs).

À noite, animadíssimos com a nossa medalha, fomos jantar em um restaurante que a Ju, que esteve aqui há pouco tempo, nos recomendou pra comermos sardinhas, uma das especialidades da cozinha portuguesa. Eu tô até fazendo uma pesquisa pra eleger pra mim mesma a melhor sardinha à portuguesa do país, de tantas que eu já comi.

Chegamos no Pateo 13 (Calçadinha de Santo Estevão, 13, Alfama) e esperamos por uma mesa. As mesas são distribuídas entre grandes e pequenas na calçada embaixo da árvore que fica em frente do que seria o restaurante propriamente dito. As pessoas passam pelo meio do "salão" indo pra suas casas. Pra quem é carioca dá uma sensação de "eu já vi disso em algum lugar". Enquanto aguardávamos, conversamos sobre o quanto Lisboa parece com o Rio, o quanto várias situações nos são tão familiares.

Sentamos ao lado de um casal e estávamos tão perto uns dos outros, que parecia que sentávamos na mesma mesa. Sabíamos que tudo que falássemos seria ouvido por eles e vice-versa. Às vezes falar português em Portugal não é tão legal assim.

Pedi minhas sardinhas com batatas e Lê foi de peixe espada, porque ele "não come iscas". Enquanto conversávamos, em algum momento, o cara da mesa do lado perguntou: "vcs são brasileiros?" e o que tava achando ruim se tornou a segunda melhor coisa da noite, depois do peixe.

Conversamos um monte sobre as nossas vidas, realidades e rotinas. Ele, português, trabalha com hotéis e vinhos e vive indo ao Brasil fazer negócios. Ela, francesa, mora em Milão e fala português, que aprendeu com brasileiros na Itália (ela entendia muito mais o que a gente falava do que o que o português dizia). Fofos de tudo!

Ele falou do quanto ficou maravilhado na primeira vez em que esteve no Rio e nós falamos do quanto estamos gostando de Lisboa. Eles também perguntaram muito sobre a violência do Brasil, se é verdade o que falam, se já nos aconteceu alguma coisa. E como é difícil falar sobre isso com quem não é carioca.

Os peixes estavam deliciosos (foi a melhor sardinha que comi até agora!) e a conversa mega agradável. Só fomos embora porque literalmente tiraram as nossas mesas da nossa frente. Não tô brincando! Adorei ter conhecido Ilana e Bernardo, cujos nomes só descobrimos no final. Não sei se eles eram tão legais assim ou se eu tô carente de conversar com pessoas e fazer amigos, mas me arrependi muito de não ter trocado contato com eles.

Voltamos pra casa super felizes com o nosso dia!

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