Dia 52 - A loja mais bonita da cidade, São Roque e Príncipe Real

Encontrei a loja mais bonita da cidade e agradeci a Deus por não tê-la visto antes, pois gastaria todo o dinheirinho do meu marido lá mesmo. Chama-se a Vida Portuguesa e fica numa rua super fofa, a Rua Anchieta, no Chiado. Nunca tinha entrado nessa rua. Na esquina dela tem uma obra que não acaba e isso me dava uma impressão ruim. Mal sabia que atrás daquela nuvem de poeira encontraria essa belezura! Lá tem de tudo um pouco, mas sempre produtos que tenham relação com Portugal. Em uma área sabonetes fabricados aqui, em outra sala ficam as geleias e outras comidinhas típicas, e em outra paninhos e cadernos. Lá também tem livros, jogos, forminhas de biscoitos e doces e muitas sardinhas: enlatadas, em imã, em papelão, em cerâmica. E a Amália cantando "é uma casa portuguesa, com certeza". Eu queria morar lá.

Depois subi até uma praça onde tínhamos ido um dia à noite: o Jardim São Pedro de Alcântara, junto ao Elevador da Glória. Tirei umas fotos e continuei até a Igreja São Roque. Eu sou uma grande apreciadora de igrejas católicas. (Apesar de me incomodar bastante com algumas coisas como, por exemplo, encontrar muito mais referências a um Cristo machucado, morto e enterrado, do que a Ele ressurreto e vivo.) Me agrada a arte em seu lugar original, para o que ela foi criada naquela ocasião. E a grandiosidade da arquitetura continua a me deixar perplexa, assim como fazia com as pessoas há centenas de anos atrás. Gosto de pensar em quanta história tem naquele ambiente. Esta igreja é branquinha por fora, mas muito ornamentada por dentro com pinturas (tem uma gigante que cobre todo o teto), trabalhos em mármore nas colunas e muito ouro no altar. Toda essa formosura tinha razão: atrair os fiéis em época de contrarreforma. Lá dentro, comecei a ler sobre a Capela de São João Batista e fiquei abismada. Ela foi encomendada por D. João V a artistas italianos, construída lá na Itália e trazida para Portugal em 3 naus! Peguei meu queixo no chão e continuei meu passeio.

Andei até a praça do Príncipe Real. Pelo caminho um monte de lojas fofas. Na volta passei na Padaria Portuguesa, que fica aqui pertinho, e tem como especialidade o Pão de Deus. Uma espécie de pão doce com coco. Mas lá a gente encontra também outras gostosuras, como os croissants e o pão com azeitona. Ficar magra pra quê, né, gente?!

Dia 51 - Sim, já tô com saudades

Esses dias a Mari bem observou que eu já estou procurando reviver certas situações por aqui. É verdade. Não sei quando poderei cá estar novamente. Tenho revisitado certos lugares e tentado aproveitar tudo nesses últimos dias. Últimos 9 dias, mais precisamente. Mas andar pelos corredores do supermercado com uma carinha tristonha e um sorrisinho nostálgico é um pouquinho demais, né? Acho que o caso é grave. O que que eu posso fazer se eu amo essa cidade?!

Quando voltei pro Brasil, em junho, e o povo me perguntava como tinha sido o tempo aqui, eu respondia: "Tô apaixonada!" E esse também era o sentimento do Leandro. Mas agora é diferente. Eu já conheço esse lugar e posso dizer que é amor. Do tipo que dura. Ao qual você se apega. Deixar esse lugar corta o meu coração. (Ih, acho que já tô podendo até ganhar a vida compondo fados)

É verdade que eu também amo Niterói, onde moro, e o Rio, onde passei mais tempo dos meus dias, por conta do trabalho e dos estudos. Acontece que, pra mim, o Rio é como aquele homem lindo, que tem predicados como o Pão de Açúcar e o Arpoador, mas mau-caráter, que te traz insegurança, confusão e vira-e-mexe te aborrece. Já Lisboa não. Não é dona de uma beleza natural como a do Rio (mesmo porque isso é quase impossível), mas é muito bonita aos meus olhos, verdadeira e com os seus defeitos eu bem consigo lidar.

Agora, tchau, que eu vou subir ladeira!

Dia 50 - Domingo com cara de domingo e casinhas listradas

A gente adora os nossos fins de semana super planejados e cheios de cidades para conhecer, mas também é muito bom passar um fim de semana tranquilo,  sem qualquer planejamento, com pessoas queridas.

De manhã fomos à igreja. Que saudade que eu tava disso! Reencontramos mais um monte de gente que conhecemos da outra vez. Na casa da Tia Cíntia, almoçamos com a Aurora, o Jorge e a fofa da Sônia e ficamos papeando horas. Sabe climinha de domingo em família? Foi assim.

Nos despedimos, com a certeza de que encontraremos pelo menos a Tia Cíntia e o Rui em dezembro e deixamos o Porto no final da tarde. Mesmo sem o guia, que esquecemos em Lisboa, decidimos parar em alguma cidade que ficasse pelo caminho. 

Lembrei de Costa Nova, da qual já tinha visto fotos graciosas. É uma cidade de praia, em que de um lado fica a oceânica, com muitas ondas, e de outro a ria (é um vale formado pela foz de um rio onde o mar acaba entrando), onde o povo pratica kyte e windsurf. Mas a belezura da cidade, do que eu não consegui tirar os olhos, são as casas que ficam em frente à ria: elas são listradas. Em diversas cores: azul, amarelo, vermelho... As que não são listradas são estampadas de alguma outra forma. Passaria o dia inteiro lá fotografando casinha por casinha!

Depois corremos pra tentar ver o pôr do sol no mar em Figueira da Foz, mas por alguns segundos não conseguimos. Deu tempo de ver uma bola de fogo sumindo no meio da cidade, que, pra mim, já valeu a ida até lá.

Dia 49 - Família no Porto

Sábado a gente saiu de Lisboa e fomos quase que direto pro Porto. Paramos só pra almoçar em Coimbra, e tava um calor tão forte que não demos nem uma voltinha.

Já tínhamos estado no Porto uma vez e o motivo do retorno foi basicamente o mesmo da primeira visita: reencontrar tia Cíntia, Rui, João e Lucas. Tia Cíntia é amiga de infância dos meus pais e está aqui em Portugal há 12 anos. Antes de irmos embora queríamos voltar a vê-los. E também voltar a ver o Porto, que é uma cidade linda e muito diferente de Lisboa. Entre seus habitantes, "tripeiros"  e "alfacinhas", há uma certa rixa, assim como acontece com cariocas e paulistas.

Taí a explicação pra palavra "alfacinhas" aparecer no subtítulo desse blog. Esse é o apelido dos lisboetas, cuja origem é meio nebulosa. Segundo alguns especialistas seria por causa dos árabes, que dominaram essa cidade entre os séculos VIII e XII e gostavam muito de alface, tendo plantado o tal vegetal em hortas por toda a cidade. Já o termo "tripeiros" vem do ocorrido durante a Guerra de Ceuta, quando os portuenses entregaram toda a carne para abastecer os expedicionários que partiriam para a conquista, ficando eles somente com as tripas para se alimentarem. Por isso, também a tradição culinária do norte.

Chegamos lá de tarde e eles nos levaram para andar pela foz do Rio Douro, que é o rio que banha a cidade. As pessoas estavam aproveitando as praias que existem por lá, apesar da água gelada do rio. Enquanto conversávamos, assistimos a mais um pôr do sol espetacular.




















Depois partimos pro centro pra comer cachorrinhos! Eles já tinham nos apresentado essa delícia da outra vez e eu fui a viagem toda sonhando com eles. Enfrentamos uma boa fila desorganizada, mas valeu a pena. O lanche é basicamente feito de pão com linguiça, queijo e um molhinho apimentado, cortado em pedacinhos. A batata frita de lá também é sensacional: batata de verdade e cortada muito fininha. Nos empanturramos e demos boas risadas, como é certo de acontecer quando encontramos com essa família.

Dia 48 - A tal da crise

Quando eu e Leandro chegamos aqui, em abril, eu fiquei impressionada em como falava-se sobre crise econômica. A cada esquina, no ponto de ônibus, no metrô, em todo lugar víamos cartazes sobre a crise, geralmente chamando atenção das pessoas sobre as mudanças nos hábitos de consumo dos portugueses, ou com frases acerca da falta de emprego e sobre a corrupção. Na televisão o tempo todo os jornais tratavam da quantidade de empresas que estavam fechando já no primeiro semestre. Nós dois costumávamos comentar como dava pra sentir o clima de tensão no ar.

A gente voltou em agosto e todos esse cartazes sumiram. É verão, a cidade está cheia, as lojas vivem lotadas e parece que tá todo mundo feliz. Muitos restaurantes e lojas estão fechados para férias, pois seus donos e funcionários também querem aproveitar o verão.

Essa semana, porém, algumas medidas foram tomadas e manifestações tem acontecido, pois o povo será prejudicado diretamente pelas decisões do governo. São inúmeras as opiniões acerca de qual seria o melhor caminho pra que o país contorne esse problema.

Confesso que eu não li muito sobre o assunto, mas muito me interessa saber o que os portugueses pensam sobre isso tudo. Gosto mesmo de escutar eles falando sobre o assunto. Isso sempre ocorre quando andamos de taxi. Me parece que os taxistas tem uma tendência forte para o engajamento político. Ou para discutir sobre qualquer coisa.

Eu só desejo mesmo, do fundo do meu coração, que eles encontrem uma solução, isso tudo passe e eles possam continuar, em paz.

Dia 47 - Ruínas do Convento do Carmo e Chiado

Depois do almoço, subi a Rua do Sacramento para conhecer por dentro as Ruínas do Convento do Carmo, que abrigam também o Museu Arqueológico do Carmo. Já tinha falado sobre esse lugar aqui, mas ainda não o conhecia, pois quando fomos até lá, na temporada passada, o Museu estava fechado, então só conseguimos fotografar as ruínas por fora, no caminho pra saída do Elevador de Santa Justa.

O Convento, fundado em 1389, foi quase que completamente destruído pelo (todos dizem em coro) "terremoto de 1755" e pelo incêndio que assolou a cidade em seguida. Até começaram sua reconstrução em 1834, mas esta não continuou, tendo sido feitos somente os pilares e os arcos da nave da igreja. Dali um pouco, ainda no século XIX, com a influência do iluminismo, decidiram que as ruínas seriam mantidas como estavam, pois o prédio não seria reconstruído. 

Que  insight que esses caras tiveram! O lugar é fabuloso, como os portugas gostam de dizer. Por mais linda que a igreja fosse antes, o clima que as ruínas trazem é muito diferente e encantador. O céu estava azul, sem nenhuma nuvem, o que deixou tudo em seu estado de perfeição. Tive que me controlar para conseguir parar de tirar fotos dos arcos emoldurando aquela imensidão de azul. Nas paredes em volta das ruínas, há algumas peças que foram encontradas e recuperadas. E encostado em um dos pilares, dou de cara com um espelho novo e enorme, o que me fez abrir um sorrisão.

Nos fundos, há o Museu, que tem como objetivo guardar parte do patrimônio arqueológico nacional, bem como fotos e livros sobre o assunto. Minha sala preferida foi a biblioteca que, a despeito da presença de 2 múmias sentadinhas bem no meio, é linda, abarrotada de livros e apresenta, em um das paredes, painéis de azulejo retratando a Paixão de Cristo.

Saí dali e fui andar mais um pouco pelo Chiado, que estava em polvorosa por conta do evento da Vogue, o Fashion's Night Out, que se realizaria logo mais. Eu adoro esse bairro porque ele parece formado por portais mágicos. Você pode subir uma escadinha e cair numa praça enorme, que não tinha ideia que existia.  Geralmente quando você conhece um lugar melhor, você tem a impressão de que ele se tornou menor do que antes. Com o Chiado é o contrário: a medida que conheço mais, maior ele fica.

Dia 46 - Mais Alfama

(Porque esse bairro é tão lindo que merece 2 posts.)

Sabe qual é a dica mais importante para um roteiro na Alfama: se perder e gostar disso. Fica tranquilo que pelas ladeiras você vai encontrar belos cenários para suas fotos e, com a ajuda das placas, vai se deparar com os lugares turísticos. Vou aproveitar pra ressaltar que Lisboa não é a cidade ideal para aqueles que não gostam de andar. A rede de metrô e ônibus nos serve muito bem sim, mas há lugares em que estes não chegam (graças a Deus) e a verdade é que muito da graça de estar aqui é colocar os nossos pezinhos em cada escadinha e perder tempo por ali. 

Um percurso que eu gosto de fazer é subir (de ônibus, para os fracos) até o Castelo de São Jorge, que tem uma vista maravilhosa da cidade toda, e depois ir descendo pelo bairro até a Baixa. No castelo rolam vários eventinhos, como peças pras crianças sobre a história do país. Uma coisa que a gente amou visitar, e que vale esperar o horário para conhecer, é o periscópio: uma invenção de Leonardo da Vinci reproduzida no castelo. Através desse aparelho você consegue ver a cidade todinha em tempo real!

Outro lugar ótimo pra contemplar a vista é o Miradouro de Santa Luzia. Fica do lado de uma igreja de mesmo nome, que tem do lado de fora um painel enorme de azulejos retratando a Praça do Comércio antes do terremoto de 1755. A vista que se tem de lá é simplesmente espetacular.

Logo abaixo fica a Sé de Lisboa. Ladeada por laranjeiras é o fundo das fotos mais famosas dos bondinhos que circulam por Lisboa. A foto é mesmo linda e irresistível. Toda vez que vamos lá, ficamos esperando o bondinho descer só pra fazer o click clássico. Essa igreja, depois de muito sofrer com terremotos, acabou resultando numa mistura de estilos gótico e românico. Ao lado da Sé tem um cafezinho que eu adoro, o Pois Café, que assim foi chamado porque as donas, austríacas, quando aqui chegaram acharam muita graça do "pois". O ambiente é uma graça, cheio de mesas grandes, livros e cadeiras descombinadas. Ah, e a comida é bem boa também.
Outra igreja que é bem bonita é a de São Vicente de Fora. Adoro essas construções branquinhas porque elas combinam perfeitamente com o céu azul, que é uma constante por aqui, principalmente no verão. Por dentro, assim como  a maioria das igrejas em Lisboa, ela não é muito ornamentada ou dourada. Não sei se isso acontece por conta dos portugueses terem perdido todo ouro brasileiro pro resto da Europa ou porque, depois de terremotos e incêndios, seja complicado recolocar tudo no lugar. Ou pelos dois motivos.

No final de tudo isso deu fome? Segue o cheirinho de sardinha na brasa. Uma dica é o Pateo 13, do qual eu falei aqui, mas ele só fica aberto no verão.

Dia 45 - Feira da Ladra e Santa Engrácia

Acordei decidida a enfrentar o calor e partir pra Alfama, o meu bairro preferido. Esse lugar é a cara de Lisboa, cheio de ruazinhas sinuosas, ladeiras estreitas, escadinhas íngremes e varais coloridos. Perfeito pra se perder. Sabe a ideia que você tem na cabeça sobre essa cidade, coisas que você viu em filmes e fotos? É lá que você encontra esse cenário.

Grande parte das casas de fado mais famosas ficam por lá e muitos restaurantes bons também. Mas nesse dia eu fui atrás de um evento famoso que acontece toda terça-feira e sábado: a Feira da Ladra. Já perdi a conta de quantas vezes estive no Campo de Santa Clara na terça-feira, mas sempre vale a pena ir de novo porque a feira se renova. Em resumo, lá se vende de tudo. Mesmo. De pilha a rádio antigo. De carregador de celular a azulejo do século XVII. De bolsa de grife a toalha de mesa. De louça antiga a sapato velho. Se bobear, você acha a mãe de alguém sendo vendida.

A Feira da Ladra, cujo nome pode se dever aos produtos de origem duvidosa existentes por lá ou ao fato de que antes a feira ladeava ("lada") o rio, começou no século XIII (!!!!) e rodou por alguns lugares da cidade até se fixar no Campo de Santa Clara, em 1882. Logo se vê que desde que o mundo é mundo o povo gosta de comprar quinquilharias. E isso me inclui totalmente. Meus olhinhos ficam loucos quando tô andando por ali, entre a infinidade de coisas baratas espalhadas por tapetes sobre o chão. Basicamente, o que mais me encanta são as louças e eu sofro por elas pesarem tanto na mala.

Quando eu já não estava mais aguentando o calor, fui descansar e sentir o vento no meu lugar em Lisboa: o Panteão Nacional. O prédio foi mandado construir por D. Maria (filha de D. Manuel I) e inicialmente seria uma igreja, mas 400 anos depois, quando ficou pronta, acabou por sedear o Panteão. Adoro esse lugar por vários motivos. É lindo demais por fora, todo branquinho e com a cúpula redondinha, e por dentro, em mármore colorido. Está sempre vazio, em qualquer época do ano e é possível tirar fotos do mosaico no chão sem nenhum pezinho te atrapalhando. Tem trilha sonora, que varia entre música clássica e Amália Rodrigues (cujo túmulo se situa ali). Do terraço, onde bate um vento delicioso, tem-se uma vista linda de Lisboa, com uma boa parte do Tejo e a Alfama. 

Dessa vez ainda tinha uma exposição com obras de arte feitas pela pintora Isabel Nunes, misturando pintura e colagens em retratos sem rosto. O tema da exposição é a "Geração de 500", tratando dos navegadores, governantes e artistas europeus que marcaram o século XVI. Coisa linda.

A Alfama tem mais um monte de coisa linda pra falar. Amanhã eu continuo.

Dia 44 - Ventinho bom e Amorino

Quando voltei do almoço com Leandro, o clima tava tão agradável que eu não resisti e fui andar por aí. Comprei um filme preto e branco pra minha Diana e objetivei gastá-lo todinho. Essa cidade é toda colorida e eu amo isso, mas ela também fica linda demais em p&b. É muita fotogenia!

Estava subindo, então, a rua Augusta, porque eu queria tirar fotos da praça do Rossio, quando eu me deparo com uma lojinha escrita Amorino e meus olhinhos brilharam (eu sei que sim). Eu não sabia que tinha aberto essa sorveteria em Lisboa, porque eu nunca ando nessa altura dessa rua e foi uma alegria muito grande encontrá-la de surpresa. Eu não sei se o sorvete deles é o mais gostoso, porque eu desisti de tentar saber qual é o melhor entre tantos bons que tenho experimentado, mas de uma coisa não tenho dúvida: é a casquinha mais bonita do mundo. Isso porque eles te servem um sorvete em forma de flor! E você pode colorir a flor com quantos sabores você quiser. É muito amor!

Depois de me deliciar com chocolate amorino e tiramisu, eu não queria mais nada!

Dia 43 - Praia de Salema, Lagos e Praia da Marinha

Acordamos super empolgados porque poderíamos aproveitar a praia de Salema, já que teríamos um chuveiro nos esperando, mas fomos frustrados por um bando de nuvens que encobriu o céu todinho e manteve o tempo meio frio pela manhã. Demos uma caminhada pela areia, então.

O sol abriu quando estávamos indo embora pra Lagos e deixou tudo mais bonito. Lagos é uma cidade bem maior, com um grande centro histórico e várias praias lindas. Pra mim, a mais bonita desses dois dias foi a praia da Dona Ana (um beijo, mãe!). A água é cheia de nuances de verde graças à luz do sol e às sombras dos corais. As pedras continuam tomando conta da paisagem, mas aqui elas estão bem espalhadas pela água e dão uma carinha diferente pro lugar.

É muito engraçada a visão que temos de cima das praias. Aqueles pontinhos coloridos na areia, organizados até nesse momento. A gente não encontra amontoados de pontinhos ou falatório. Muito menos, comida e correria. Além disso, não tem sombra de coqueiros ou amendoeiras, mas sim das pedras. Aliás, inúmeros são os avisos de que elas podem rolar a qualquer momento, mas algumas pessoas não se importam e, literalmente, se enfiam embaixo das pedras pra aproveitar a sombrinha.

Depois de dar uma voltinha pelo centro histórico, que é super bonitinho, procuramos um lugar pra almoçar. Encontramos o Millenium, que as mulheres escolheram porque era fofo. O garçom brasileiro que nos atendeu era uma figura. Quando chegamos, achamos que ela português por conta do sotaque, mas depois de ver ele falando alto no restaurante, mega simpático com todo mundo, pensamos: "realmente não tinha como esse cara ser outra coisa se não nosso conterrâneo." Comi sardinhas que, apesar de salgadinhas, estavam gostosas. Leandro comeu atum grelhado e gostou, mas não se comparava ao do Sacramento. A Patrícia foi de macarrão com gambas (camarão).

Seguimos para a praia da Marinha, que foi super recomendada pelo Sérgio, amigo deles. A praia é realmente bonita, mas os grandes muros de pedras e a água límpida já não eram mais uma novidade. Devia ser proibido se acostumar com o que é bonito.

Na volta, ao invés de sentirmos que tínhamos conhecido mais uma região e ficarmos satisfeitos com isso, a vontade que tomou conta de nós 3 é a de voltar pra lá e passar um fim de semana inteiro em cada um desses lugares.

Dia 42 - Zambujeira do Mar, Almograve, Odeceixe, Cabo de São Vicente e Sagres

Chegou a hora de conhecermos as famosas praias da região sul de Portugal, o Algarve. Pra onde "toda a gente" se dirige nessa época do ano e da qual já tínhamos visto fotos incríveis. A gente tava enrolando um pouquinho pra ver se diminuía a quantidade de gente por lá e o calor. Além disso, como a maioria sabe, eu não sou fã de praias. Acho lindo e adoro ficar olhando o mar, mas passar o dia inteiro salgada com os pezinhos na areia não é bem a minha, então eu preciso de condições favoráveis. Não adiantou esperar. De qualquer forma, foi tanta beleza que eu consegui só curtir, sem reclamar. Prometo!

Quando o povo vai pra praia aqui eles sempre prestam atenção em 2 coisas pra ver se o tempo vai estar perfeito: temperatura e quantidade de vento. Isso porque se não estiver bem quente é impossível entrar na água, que é sempre gelada (eles dizem que é um pouco melhor no sul, mas eu não consegui perceber a diferença) e o vento, além de deixar todo mundo com mais frio, só atrapalha tudo porque fica jogando areia nas pessoas.

Sabendo das "boas condições", me besuntei de protetor solar, encontramos a Patrícia na locadora e seguimos viagem pela costa. Paramos na ponte sobre o Rio Mira (Rafa, você tem que vir conhecer seu rio!) e tiramos algumas fotos dessa praia formada na foz do rio: Vila Nova de Milfontes. Apesar do rio estar um pouco seco, a paisagem continuava muito bonita.

Paramos em Zambujeira do Mar, ainda na região do Alentejo. A praia é lindíssima. A faixa de areia fica entre falésias e água, que é de um azul lindo, o que mais tarde veríamos ser uma característica de quase todas as praias. Em alguns pontos as pedras formam piscininhas de água salgada. Já estávamos morrendo de fome e resolvemos almoçar. Escolhemos o restaurante pelo cheiro bom que vinha de lá. Eu e Patrícia dividimos um arroz de camarão (teoricamente seria para 2 pessoas, mas dava pra umas 4 comerem) e o Leandro foi de bacalhau à braz. Tudo uma delícia.

Continuando nossa rota, paramos na praia de Almograve (esta com menos pedras e uma faixa de areia bem maior) e depois em Odeceixe. Esta última fica na divisa entre o Alentejo e o Algarve e é de um lado uma praia de oceano e de outro lado praia de rio. O mar é bem agitado e procurado por surfistas. Nesse dia o rio estava bem seco e a praia não estava tão bonita como tínhamos visto em algumas fotos.

Seguimos para o Cabo de São Vicente, da onde queríamos ver o pôr do sol. Só mais umas 500 pessoas tiveram a mesma ideia que a gente. O que não impediu a gente de presenciar e fotografar esse momento maravilhoso do sol mergulhando na água e ficando rosinha no meio das nuvens.

Fomos até a cidade de Sagres para jantarmos antes de irmos pro hotel. Comemos pizza no D'Italia, que estavam muito boas, principalmente a do Leandro, de alcachofra e cogumelo. Nos arrastamos até o Hotel Salema, onde tínhamos feito reserva. O fizemos porque a região fica lotada no verão e ficamos com medo de procurar um lugar na hora, como geralmente fazemos. Sobre o hotel, o preço foi razoável, mas se você tiver outra opção, eu não recomendo. 

Dia 41 - Lar

Esses dias, numa maratona de leitura do Achados, o blog da Dri Setti, me deparei com um texto do crítico de arte Robert Hughes, sobre o qual penso quase todos os dias. A Dri mora em Barcelona há mais 10 anos e o Robert há uns 40. Segue o trecho que ela postou.

"Você tem sorte se descobre a tempo, na vida, uma cidade que não seja aquela onde nasceu e que se torna o seu verdadeiro lar. Certamente não penso em Sydney desta maneira. Ficaria triste se não visse mais sua baía azul, com muitas enseadas, mas sei (até onde se possa ver o futuro sob o prisma do desejo) que nunca morarei lá, que voltar para lá para sempre não seria nem uma aventura nem uma realização. Fica muito longe, pelo menos de mim. por que o patriotismo tem que lhe ser determinado quando você ainda é um feto? Reivindico o direito de escolher o que amar, e isto inclui as cidades. Você pode não querer repudiar as suas origens (certamente não quero), mas deve abraçar aquela que preferir. Quarenta anos atrás tive este maravilhoso golpe de sorte: Barcelona..."

Eu nasci em São Paulo, aos 2 anos fui levada pra Angra dos Reis e moro há quase uma década em Niterói. Em 2007 passei 3 meses em Harpenden e estou há alguns meses em Lisboa. Amo esses lugares, mas ainda não encontrei a minha cidade. Na verdade, não tenho certeza se vou encontrá-la. Não me parece que exista um único lugar onde eu queira passar o resto da minha vida. Mas existem vários lugares onde eu gostaria de viver fases dela. Não sinto que "sou" de alguma dessas cidades, mas de todas elas. E eu acho que isso também é uma benção.

Dia 40 - Tourada e Ruby Sparks


Assim como a Espanha, Portugal também tem a tourada como tradição cultural fortíssima. Há um movimento também forte para que as touradas sejam proibidas no país, assim como fizeram na Catalunha e nas Ilhas Canárias, mas, por enquanto, há apenas 1 cidade em Portugal que conseguiu aprovar tal regra. A única proibição aderida por esse país foi a de impedir a morte do touro em praça pública. Mas há exceções para algumas cidades.

Nas últimas 2 quintas-feiras o evento chegou a Lisboa, ocorrendo no Campo Pequeno as apresentações que dividem-se basicamente em 2 momentos: a lide a cavalo e a pega. No primeiro, homens em trajes do século XVIII (ridículos, diga-se de passagem), montados a cavalo, tem como objetivo principal fincar uma espécie de lança nas costas do touro. Enquanto isso, eles escapam ao bravo touro com corridas e uma espécie de balé. No segundo momento, o forcado, a pé, chama a atenção do touro (ele grita "touro", como se o bicho soubesse que o nome dele é touro) e com as mãos na cintura segue em direção a ele, para que este o ataque. Outros forcados ficam em volta para, depois de alguns segundos, segurar o touro e "soltar" o cara que ficou quicando entre os chifres do animal. Um deles, o rabejador (aff!) segura o rabo do touro para impedir que ele avance.

(Estou tentando ser impessoal nesse relato, mas é muito difícil.)

Leandro foi assistir com alguns amigos e me chamou. Eu disse que não ia. E muito mais, claro. Ele me disse que queria conhecer essa tradição do país e ver de perto com se dava isso. Eu disse (em resumo) que por nada nesse mundo faria parte desse show ridículo e absurdo. Eu não sou o tipo de pessoa que defende os animais a  qualquer custo como os manifestantes que estão acampados em volta da arena do Campo Pequeno, mas me dá nos nervos pessoas maltratarem (apesar de não parecer, pois, no fim, o touro sai andando normalmente da arena) um ser vivo que não tem condições de decidir se negar, e pior, sem motivo algum. Apenas para se divertir e manter uma tradição que não tem mais razão de ser. Mesmo a pega, onde o animal maltratado é o ser humano (que, pelo menos, foi até lá por livre e espontânea vontade), não me interessa, porque não consigo entender como uma pessoa pode ser idiota a esse ponto.

Enquanto Leandro estava lá, eu fui assistir um filme lindo (será que eu gosto de cinema?) chamado Ruby Sparks. Cogitei ver o novo da Meryl Streep, mas aqueles  cabelos ruivos da Ruby, que eu vi no trailer outro dia, me atraíram irresistivelmente. Achava que era um romance adolescente bobinho, o que eu gosto, mas não é. É uma ideia genial. Uma história de amor bonita, mágica e engraçada.

Nos encontramos na volta. Leandro gostou do espetáculo que assistiu. Achou muito bonito e interessante. Eu fiquei leve e sorridente depois do meu filme. Se ele soubesse como o meu programa foi melhor que o dele...

Dia 39 - A culpa é das estrelas, Luisa Sobral e Feel Rio

Na busca por lugares fresquinhos e divertidos, passei a tarde na Fnac. Escolhi um livro pela sua linda capa, cheia de estrelinhas e fachada de prédios de Amsterdam.    Pelo prefácio, me parece ser uma história triste. Ainda não comecei a ler, mas já recebi altas recomendações da Mari, que é expert em assuntos literários.

Também lá, avistei uma promoção de CDs de música portuguesa e de intérpretes portugueses. Procurei a Deolinda, mas não achei. Achei o CD "Cherry on my cake", da Luisa Sobral. Ela é portuguesa, mas esse disco é quase todo de composições dela em inglês, como essa. Tem umas 3 em português, entre elas "Xico". E ela faz uma música tão bonitinha, que eu não resisti.

Aliás, tenho encontrado muita música portuguesa de boa qualidade (brigada pelo António Zambujo, Laurinha) e descoberto, novamente, que as rádios populares não são boas parceiras para te ajudar a conhecer o que é bom. Realmente não aceito que as pessoas tenham encontros românticos a ver foguetões. De qualquer forma, estou providenciando CDs para melhorar a trilha sonora das nossas viagens.

Vou até lançar outra crítica aqui pra ver se me aparecem uns filmes portugueses bons. No momento, temos 2 filmes nacionais em cartaz. Um chama-se "Morangos com Açúcar - O filme", que é tipo a "Malhação" daqui transformada em filme. O segundo tem por nome "Balas e Bolinhos 3". Preciso falar mais alguma coisa?

No fim da tarde, encontrei com Leandro e fomos comer besteiras brasileiras numa lanchonete chamada Feel Rio (Rua do Crucifixo, 108). Matamos a saudade do pastel que vem com mais vento que recheio e do caldo de cana. Um dia eu falo que a gente tá light e no outro que a gente foi comer pastel. Oi, Contradição, já nos conhecemos, não é mesmo?

Dia 38 - Calor de verdade, 2 dias em Nova York e jantinha light

Se você perguntar pra qualquer pessoa que me conhece um pouco, qual é a parada que eu mais detesto nesse mundo, todos responderão em coro: calor! Eu não suporto calor. Não sei lidar com ele. Não tenho melanina pra isso. Me irrito. Fico com dor de cabeça. Quero sumir. Reclamo tanto que o Leandro diz que ele deseja que o verão acabe tanto quanto eu, só pra eu parar de reclamar. E eu, ingênua, achava que só existia calor, assim, aquele de verdade, com sol que frita os miolos, no Rio de Janeiro. Infelizmente, me enganei. É claro que aqui não temos semanas seguidas de tempo abafado e sol escaldante, como na nossa terrinha. Além disso, as manhãs são sempre mais amenas e as noites fresquinhas. Mas, de qualquer forma, tem feito um solzinho bem forte.

Tudo isso é pra falar que eu bem queria estar passeando mais, mas estou sendo impedida. Minha vontade é ficar em algum lugar fresquinho, com ar condicionado, o dia inteiro. Mas também não quero ficar trancada em casa. Então, na terça, depois do almoço, resolvi ir ao cinema ver "2 dias em Nova York". É uma comédia romântica (mais comédia que romântica), continuação de "2 dias em Paris". É bem engraçada. Só senti falta de mostrarem mais NY, assim como mostram Paris no primeiro filme.

À noite fizemos uma saladinha delícia aqui em casa. Simples, temperada com azeite, sal e limão, acompanhada de um vinho português que custou 3 euros no supermercado. Leandro tá nessa vibe de comer coisas leves quando chega do trabalho e eu tô adorando. Mesmo ele comendo um balde de salada, acho que continua sendo light, né?

Dia 37 - Tudo ao mesmo tempo, agora

Enquanto a gente tá aqui, aproveitando essa oportunidade única, essa experiência maravilhosa, a minha mãe tá assinando, pela gente, o contrato mais importante das nossas vidas. Pelo menos, até agora é. E por mais que a gente esteja muito feliz e cheio de expectativas pra essa nova fase, estamos super tensos com o andamento desses trâmites e os "investimentos" sobre eles. Que o Senhor nos dê paz e continue nos acompanhando.

Dia 36 - Tio coruja e La Brasserie de L'Entrecôte

Acordei com as risadas emocionadas do Leandro. 

- Lê, do que você tá rindo?
- O Simão é muito fofo!

O irmão do Lê tinha mandado fotos e o babão do tio não parava de rolar a telinha do celular, olhando cada detalhe. É tão bonito ver a paixão do Leandro pelos sobrinhos. Dá uma peninha dele não estar lá pra segurar o Simãozinho no colo...

Saímos pra encontrar a Patrícia e levá-la num restaurante que a gente elegeu como um dos nossos favoritos no mundo: La Brasserie de L'Entrecôte (Rua do Alecrim, 117). Fomos até lá depois que vi ele ser recomendadíssimo na Revista Nômade. A proposta deles é servir somente um prato: bife com batatas fritas. O menu acompanha também uma salada de entrada, que pode ser verde ou com salmão. O bife é servido com um molhinho especial de ervas e a batata frita chega sempre quentinha ao prato. Infinitamente. De sobremesa já tínhamos experimentado uma sopa de frutas vermelhas com sorvete de creme, que amamos, e dessa vez rolou um fondant de chocolate.

(Obs: Se você não vem a Lisboa tão cedo e ficou com água na boca dá pra ir até São Paulo, onde o Olivier Anquier traz o mesmo menu único no seu L'Entrecôte d'Olivier. Segundo a Júnia e o Rafael, a comida é sensacional.)

Fomos rolando pelas ladeiras até em casa. Quando o sol já tinha ido embora, saímos para outra voltinha pelo nosso novo bairro. Já tô totalmente adaptada e adorando a mudança!

Dia 35 - Mudança, Amo-te Chiado, 360 e Simãozinho!


Chegamos no nosso novo endereço, largamos tudo por aqui e fomos andar pelo Chiado pra encontrar algum lugar pra almoçar. Em uma dessas ladeiras tinha uma escadinha e no meio dela um restaurante chamado "Amo-te Chiado" (Calçada Nova de São Francisco, 2), todo fofo, cheio de corações espalhados pela decoração e pela comida. Não precisa de mais nada pra me conquistar, né?! Leandro nem perguntou 2 vezes.



Cada vez que chegava um pratinho na mesa, eu disparava um "óun". Apesar da demora (ou por causa dela), a comida estava bem gostosa. Leandro comeu um bife com molho de pimentas, acompanhado de batatas assadas e grelos  (são as flores da couve, parece escarola) refogados. Eu não tava com muita fome, então, comi só um carpaccio de carne.

Partimos pro cinema, que tínhamos combinado com a Patrícia. Ela é brasileira e coordenadora da equipe com quem o Lê trabalha aqui. Fomos assistir 360, o novo do Fernando Meireles. Eu adorei e super recomendo. Bons atores desempenhando bons papeis de um bom roteiro. É o tipo de filme que, pra mim, poderia durar muuuitas horas e eu veria sem cansar. A ideia principal é te fazer pensar como as nossas escolhas geram consequências eternas, não só nas nossas vidas. Mas a maior surpresa do filme foi mesmo descobrir que Adauto fala inglês, gente! (rs) A outra presença brasileira, além do Juliano Cazarré, é a fofa da Maria Flor.

Voltamos pra casa pra aguardar notícias do nascimento do Simão, o mais novo membro da família. Nosso sobrinho, filhinho da Roberta (irmã do Lê) e do Jackson, nasceu saudável e cabeludo, como no sonho que o Lê tinha tido semana  passada. Não conseguimos receber fotos nesse dia, mas sentíamos daqui a alegria de todo mundo pela chegada desse serzinho já tão amado.

Dia 34 - Vazamento e despedida

Eis que acordamos com um vazamento em nosso banheiro. E não era a primeira vez. Da outra vez fizeram uma obra e ficamos sem poder usar o banheiro por uns 2 dias. Uma confusão. E a gente não queria passar por isso de novo. Pegamos nossas 4 grandes malas, enfiamos tudo lá dentro e fomos pra o ap de baixo. Mas não me animei nem pra arrumar as coisas. O ap tava caindo aos pedaços e os administradores falaram que era a única opção naquele prédio.

Estávamos sentados, arrasados, pensando no que seria melhor, quando um deles nos chamou e disse que achava que seria melhor nos mudarmos para um outro hotel da rede. Essa rede tem 6 hotéis na cidade e onde poderíamos ficar era na Praça do Município, entre a Baixa e o Cais do Sodré. Nesse caso o ap é bem mais novo e a gente estaria perto de tudo, mas há a desvantagem de ser mais longe do trabalho do Leandro.


Viemos à noite conhecer o lugar, reconhecer o terreno e dar uma volta na redondeza. Só tinha passado por aqui uma vez, à noite. Pesamos os pós e os contras e acabamos preferindo nos mudar mesmo. A verdade é que havia mesmo mais prós em vir pra cá, mas já estávamos apegados ao Marquês, nosso bairrinho calminho, sem burburinho de turista. A gente já se sentia em casa por lá.

Voltamos pra nossa antiga casa andando, pela Avenida da Liberdade, como provavelmente faremos pela última vez nessa temporada. Com um apertinho no coração. De qualquer jeito, a gente acredita que vai ser bom passar esse último mês em outra vizinhança, explorando outros lugares. Esperamos que sim.