Toscana è amore!

A Toscana é um dos destinos mais procurados por pessoas que vivem um romance e foi um dos lugares pelos quais quisemos passar para comemorar nosso quinto aniversário de casamento. Sim, já são 5! Mas com carinha de 2! Eis alguns dos fatores que mais nos encantaram por lá.


{A estrada} Montanhas, tons de verde, caminhos sinuosos, árvores agrupadas lindamente, vinhedos, resquícios da Idade Média. O caminho que se percorre é mais um dos fatores a serem apreciados quando se passeia pela Toscana. Viajar de carro por essa região é uma boa, pois te permite acompanhar a paisagem e parar quando quiser. Pra compor sua trilha sonora, sugiro essa canção

{A Torre de Pisa}  Aí vc vai pensar: "Ah, mas eu não aguento mais a Torre de Pisa! É tanta foto, tanta gente falando sobre, que já até enjoei sem nunca ter estado lá! Chega de ouvir falar sobre ela!" Eu concordo. Mas como eu não vou ouvir, mas sim falar (ou escrever), lá vai! Esse lugar é simplesmente sensacional! Você não precisa fazer a foto que todo mundo faz, se vc acha ridículo. Basta sentar no Campo dei Miracoli e apreciar o milagre que é olhar pra torre e vê-la em pé. Um beijo pra equipe de engenharia que fez a burrada de construir uma torre tão pesada num solo inapropriado, mas que, assim, colocou essa cidade no mapa. E outro pro pessoal que deu um jeito de manter a torre existente e torta, tornando-a um quase arco. Nenhuma foto capta a imponência, beleza e torteza dessa construção. A sensação de que vai cair a qualquer momento não passa. E no final, vc já vai estar lá, fazendo pose pra tirar a foto que todo mundo tira! Ou pelo menos a foto da foto que todo mundo tira.

{A muralha de Lucca}  Já tinha lido em alguns lugares que deveríamos alugar bicicletas e dar uma volta pela muralha da cidade. Estamos acostumados com a muralhas aqui em Portugal que são altas e bem estreitas e achei a sugestão aí de cima bem radical. Até a gente dar de cara com a muralha de Lucca e entendermos a dica. Muito largos, os muros se tornaram uma espécie de parque onde as pessoas passeiam com o cachorro, com as crianças, caminham, correm e pedalam. Foi uma delícia sentir o ventinho no rosto ao rodarmos aqueles 4 quilômetros avistando a cidade de cima.


{O melhor sorvete do mundo}  No meio de becos medievais de uma cidade que parece uma fortaleza, procure as filas e você vai encontrar os melhores gelatos do mundo. Em San Gimignano, mais precisamente na Piazza della Cisterna, fica a Gelateria Dondoli, que ganhou o prêmio de melhor sorvete do mundo durante alguns anos. Só a avistamos depois que já tínhamos entrado na fila da Gelateria dell'Olmo, que tem uma placa enorme onde se lê "the best ice cream in the world". Li por aí que é só marketing e nenhum prêmio,  mas o cone com fondente di cioccolato, fior de latte e nocciola que degustamos foi, sem dúvida, o melhor sorvete que já tomamos na vida. E olha que só nessa viagem eram uns 2 por dia! Só nos arrependemos de não termos voltado pra comprar outro.

{Uma catedral listrada}  E no meio do cenário escuro e medieval de Siena desponta o Duomo di Siena, em mármore predominantemente preto e branco, o que nos permite cair de amores por uma igreja estampada. Por dentro, colunas e paredes também listradas, além de outras belezuras dispostas naquele espaço monumental, como o chão decorado e esculturas. De boca aberta, passamos um bom tempo olhando pra fachada daquela igreja e acompanhando o movimento das nuvens refletidas no vitral redondo. Um santuário enorme, mas ainda minúsculo se comparado ao que ele tenta conter.


{Os cantinhos aconchegantes}  Escolher hotel pela internet, sem indicação, é sempre um risco. Nesses dias fomos agraciados com 2 boas surpresas: a Casa Soleluna, em Cortona e o B&B Il Callare, em Lucca. Os dois fora das cidades (o que é ótimo pra quem está de carro e precisa de lugar pra estacionar perto de onde vai dormir), novos e com ambientes super agradáveis, assim como os donos.

P.S: Como tem muita coisa por esse mundo internético sobre os lugares que visitamos, preferi falar de uma forma diferente sobre a nossa experiência. Mas se algum de vcs quiser um roteiro mais específico ou ajuda com algum detalhe sobre os lugares por onde passamos, pode me mandar um e-mail: anacarolalves@gmail.com.

As cinco terras

A melhor coisa de morar em Lisboa é justamente morar em Lisboa. A segunda melhor é que morar em Lisboa significa morar na Europa. Um continente que mais parece um país pra quem cresceu num país que mais parece um continente.

Todas essas palavras repetidas pra dizer que a facilidade em nos movermos por aqui tem nos levado a viver experiências sensacionais. A última delas repartida em 8 dias (e 3 posts) rodando pela Itália.

Nosso primeiro destino foi Cinque Terre. Essa região é um sonho antigo em nossas vidas. Planejávamos ir pra lá na nossa viagem de lua-de-mel, há 5 anos, mas não aconteceu. E desde então aquelas casinhas coloridas amontoadas nas montanhas viviam nos meus planos.

Nosso destino, a princípio, seria a Toscana, mas como nosso vôo chegava em Milão, achamos que o melhor caminho pra descer a botinha seria desviarmos suavemente até o litoral da Ligúria. Depois de muitos dias de ansiedade durante o planejamento desse roteiro, uma tristeza recai sobre mim. A previsão era de chuva. Pra todos os dias. E não mudava. Mas eu tinha esperança.

Chegamos na praia Deiva Marina, nossa base para conhecermos as terrinhas. Meu conselho é que façam suas reservas de hotel com bastante antecedência e, caso não fiquem em alguma das 5 cidades se hospedem em alguma cidade entre La Spezia e Levanto. Isso vai te fazer economizar tempo e dinheiro.

Acordamos em Deiva Marina e chovia. Chorei pra combinar. Eu tenho uma coisa pra te dizer: se você for pra Cinque terre e chover, se joga do alto do seu hotel e esquece. Ou respira e deixa pra se jogar de um penhasco no final do passeio. Essas foram as opções que eu considerei e acabei ficando com a segunda, já que tinha gasto muito tempo lendo sobre esse lugar. 



As coisas não melhoraram no início da nossa andança por Riomaggiore, a primeira das cidadelas, contando a partir de La Spezia. Leandro, cujo sobrenome deveria ser paciência, fez de tudo pra me animar. Mas tava complicado com a visão perturbada pelo guarda-chuva e vestindo uma saco de lixo capa azul. Paramos num lugarzinho chamado Siamo Fritti e um cone cheio de lula frita com limão já começou a melhorar meu humor. Quando estávamos totalmente equipados, claro, a chuva parou. E só precisei de 5 minutos pra cair de amores e perceber que chuva nenhuma ia me impedir de amar aquele dia. Aquele lugar é tudo que falam dele e mais um pouco!













             
A ideia era seguir pra próxima cidade a pé, através de uma trilha à beira do mar chamada Via del'amore (óun!), mas a trilha estava fechada. Nem lá, nem no google, consegui informações precisas sobre o motivo, mas parece que a maioria das trilhas de Cinque Terre estão fechadas desde 2012 por conta das fortes tempestades que ocorreram por lá naquele ano.  Usamos a linha de trem, então, pra fazer todos os percursos intercidades. Entre túneis e vistas pro mar, apreciamos os curtos trajetos.

O primeiro deles durou 3 minutos até chegarmos na lindinha Manarola. Encontro semelhanças com os bequinhos e as cores de Lisboa. E também com as favelas cariocas, já que tanto naquela vila quanto no Rio as casas parecem desafiar as leis da física. Quem sabe um dia as favelas virem um seguro lugar turístico em que seus moradores vivam felizes, como acontece por ali.

A cidade seguinte, Corniglia, é mais uma lindeza colorida cheia de casinhas incrustadas em pedras e plantações de uva subindo o morro. Amei as ruazinhas fechadas dessa cidade do meio. E aquele mar sem fim. Parece mentira, mas não é.

A próxima (e nossa última) foi Vernazza e lá ainda recebemos a benção de aproveitar o solzinho que surgiu no fim da tarde. Além de ter saboreado brusquetas de anchova e uma caprese divinas. Ou eu tava com muita fome.

Tava tão gostoso por lá que quisemos curtir um pouco mais o lugar, abrindo mão de conhecermos a última das cinque, Monterosso.

Ali, em Vernazza, eu descobri que Deus levou a gente pra Cinque Terre num dia de chuva só pra nos mostrar quão lindo é esse lugar em qualquer circunstância. Mesmo quando a gente não via, a Luz tava lá.